Lubna, uma jornalista sudanesa, está num café de Cartum, capital do Sudão, acompanhada de doze amigas. Elas conversam animadamente quando são interrompidas por uma patrulha de agentes de uma espécie de força religiosa local. Lubna e suas companheiras são acusadas pelos patrulheiros de estarem vestidas indecentemente. Segundo a sharia - lei islâmica em vigor naquela parte do país -, mulheres vestidas indecentemente devem ser punidas com chicotadas.
O que os zelosos patrulheiros islâmicos chamam de “indecente” é o fato de Lubna e as amigas estarem vestidas com calças compridas e blusas, à moda ocidental. As amigas de Lubna decidem se declarar culpadas - por medo de consequências piores - e recebem ali mesmo, na mesma hora, 10 chibatadas cada uma, aplicadas pelos patrulheiros. Além disso, cada uma delas paga uma multa de 250 libras sudanesas - que equivalem a mais ou menos 120 dólares.
Ao contrário das amigas, Lubna opta por acionar um advogado e enfrentar o julgamento. Agora ela aguarda o promotor definir a data da audiência. Lubna sabe que provavelmente receberá as 40 chibatadas a que a sharia a condena (a mulher que se declara culpada na hora ganha um “desconto”, levando apenas 10 chicotadas). Mas sabe também que, por ter tornado público o seu julgamento, torna-se um exemplo de luta pela liberdade. Força, Lubna. Que a cada chicotada que lhe apliquem, dez mil mulheres se insurjam contra a opressão religiosa e masculina.
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